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DISCURSO POLÍTICO

          A Festa do Fogueirão, (Festa Junina),  no Bairro Paraíso, em Resende-RJ, já foi muito famosa.  Mas acabou.  Como tudo se acaba.  As coisas não duram para sempre.  Resta-nos agora, as boas lembranças daquela festa, como pude presenciar certa vez, a apresentação ao vivo, da dupla Tonico e Tinoco, e outras duplas sertanejas e conjuntos musicais do tipo "country".


          Lembro-me também, de ter presenciado um fato singular que ainda hoje guardo na lembrança. Acho que foi por volta dos anos 1986 ou 1987, se não me falha a memória.  Foi durante um discurso político, como sempre acontecia naquela festa, já que a mesma tinha o apôio da Prefeitura.

          ... A Praça do Balanço, no Bairro Paraíso, estava lotada naquela noite junina.  Muita gente mesmo.  De todos os bairros.  Parecia ue Resende em peso estava presente.  No centro da praça, a fogueira com 30 metros de altura, tinha o seu horário de queima conjuntamente com o show pirotécnico marcado para a meia-noite.  Um espetáculo, que todos queriam assistir.  

          Era quase tudo igual, todo ano; a fogueira e os shows musicais durante a festa.  De praxe, os políticos marcavam um intervalo para discursar para o povão. Mas naquela noite... Bem, vamos ao fato:
... A tônica do discurso político proferido naquela oportunidade, prestava uma homenagem ao idealizador daquela festa, que por sinal já havia falecido, mas a homenagem era dirigida à sua família e aos perpetuadores daquela tradição festeira.

          O nosso político, eloqüente, sentiu-se à vontade, diante da multidão presente.  Não me recordo da íntegra do seu discurso, mas de um trecho, eu jamais vou esquecer.  Foram exatamente estas, as suas palavras: ..."Eu quero parabenizar os organizadores desta festa magnífica... E eu espero, que daqui a cem anos, os nossos antepassados ainda continuem perpetuando esta festa maravilhosa!!!"...

          A multidão presente, estava silenciosa.  Todos ouviam com atenção aquele discurso, e aparentemente ninguém notou nada de errado em suas palavras.  Ou melhor, quase ninguém notou, ou prestou atenção, a não ser uma garotinha, aparentando mais ou menos 9 ou 10 anos.  Ela também estava ali, parada, a certa distância do palanque, junto com o seu papai, que tinha assim a aparência de um senhor muito distinto.  Inquieta, a menina não se conteve, e perguntou: - "pai, antepassado, não é o vovô e a vovó?"

          O senhor de aparência distinta esboçou um sorriso, como quem de repente se dá conta do disparate que acabara de ouvir, e apenas cochichou qualquer coisa à sua filhinha, acalmando-a. Confesso que naquele momento, eu também me liguei nas palavras do nosso político, justamente por ter presenciado o fato daquela esperta garotinha, que sem qualquer parcimônia, exigiu uma resposta  do seu, certamente idolatrado papai.  Francamente...

          Depois dessa, os nossos antepassados devem ter estremecido em suas respectivas tumbas, onde descansam em paz, eternamente.
Em tempo de festas



     

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