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ERRADO PRA CACHORRO

          Vou contar dois casos.  Diferentes no contexto, mas semelhantes na sua manifestação. 
CASO I: um sujeito lá da minha terra, (MG), depois de haver tomado umas "timbucas", foi ao cemitério, chorar junto ao túmulo de um amigo.  Seu lamento era mais ou menos assim:


          ...- Meu melhor amigo, de tanto tempo! Por que você nos deixou?  A nossa turma lá no bar sente tanto a sua falta!...  Eu queria ter ido no seu lugar... Buááá, buááá... Meu amigo, meu melhor amigo, buááá, buááá... Quantas pingas nós...

          Nesse momento, porém, surge alguém para interromper a sua choradeira, dizendo-lhe que aquele túmulo não era o do amigo por quem ele chorava; - Não?!... - Não.  - Uai! Então eu chorei errado!...  E o bebum saiu trocando as pernas por entre outras tumbas...
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CASO II:  este caso, aconteceu comigo.  Diferente do bebum, eu apenas namorei errado, sem saber.  Foi assim: 

          Eu tinha apenas 16 anos, e havia arranjado uma namoradinha.  Foi lá na minha terra, em Passa Quatro.  Ela se chamava Maria Helena.  Isto aconteceu às vésperas de me transferir para Resende, onde estou até hoje.  Mas antes dessa inevitável separação, tivemos apenas dois ou três encontros muito tímidos e furtivos, pois naquele tempo, algumas garotas ainda namoravam "escondido". (escondido dos pais, dos irmãos, e de alguns vizinhos fofoqueiros). 

          Mas, separados pela distância, continuamos o nosso namoro por correspondência.  Mas tudo em segredo. Combinamos que eu mandaria minhas cartas para o endereço de uma garota chamada Otacília, amiga da Maria Helena.  Ah, e como eu também admirava essa amiga da minha namoradinha. 

          A Otacília era linda, de olhos verdes... Mas eu era fiel à minha Maria Helena.  Muitas cartas de amor trocamos.  A Maria Helena tinha uma caligrafia muito bonita, qualidade que eu admirava.  Suas letras eram grandes e arredondadas, mais parecendo um desenho artístico.  Muitos elogios eu sempre fazia à sua letra.  Acho que naquela época eu acabei me apaixonando de verdade, não só por suas cartas de amor, mas em especial por ser ela, Maria Helena, a dona daquela caligrafia tão bonita.

          Diz um ditado porém, que o azeite não se mistura com a água.  Algum tempo depois, a verdade veio à tona.  Descobri que eu estivera todo aquele tempo, namorando, ou me correspondendo, não com a minha Maria Helena, mas com a Otacília.  Aquelas palavras, aqueles "beijos" trocados por carta, e aquela caligrafia tão bonita, não eram da Maria Helena, minha namorada, mas sim da sua amiga, a Otacília.  Que decepção!...

          Descobri, por uma fatalidade do destino.  A Maria Helena também se mudou de Minas para São Paulo, junto com sua família, e o fato me foi comunicado pessoalmente por Otacília, lá em Passa Quatro; e ela me passou o novo endereço da Maria Helena.  Ainda iludido e mais que depressa, mandei uma cartinha para São Paulo, para minha namorada, pouco me importando com a possível rejeição da sua família.

          E recebi a resposta, desta vez, da própria Maria Helena:  Uma cartinha mal escrita, cheia de erros, uma letra horrível, palavras de quem mal sabia escrever.  Sinceramente, não sei como explicar. Acho que me senti como um cachorro quando quebra um vaso, ou seja, constrangido, decepcionado.
E assim terminou aquele namoro, que por um momento foi lindo, tal qual uma bolha de sabão, 
 Ploft...


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