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A ESTÓRIA DO "ZÉ CRÉTO"


José Anacleto

          Neste século 21, vivemos uma realidade espantosa para os mais velhos.  Digamos, num tempo há quarenta ou cinquenta anos.  Nesses bons tempos, ninguém fazia uso desses aparelhos eletrônicos que hoje existem: notebook, celulares, smartphones, etc.


          Nada contra essas tecnologias maravilhosas que facilitam nossa vida.  Até as crianças de hoje em dia, já nascem com outra mentalidade, coisa que também nos surpreende.  Julgar ou criticar, não é o objetivo deste comentário.  Trata-se apenas de uma introdução, para que possamos conversar e contar uma estória de como eram aqueles dias que talvez muitos conheceram e que talvez muitos atualmente nem nunca ouviram falar.

          Por exemplo: crianças hoje em dia, brincam de "Cow Boy"?  Ou sabem lá o que é isso?  Como brincar de "mocinho e bandido" do cinema americano?  Pois "naqueles tempos", as crianças brincavam e sabiam até falar inglês.  Alguém acredita nisso?  Pois eu vou contar essa estória.

          ... "Quando eu era criança pequena lá em Passa Quatro", meus coleguinhas de "molecagens" eram: o Dimas, o André, o Zé Creto, o Fernando, o Carlinhos, o Joaquim, e vários outros. "Zé Créto" era o apelido de José Anacleto.  Mas qual a criança naquele tempo iria pronunciar corretamente esse nome?  O irmãozinho mais novo do José Anacleto, o chamava de "Zé Quéto". (?).

          Naquele tempo, o rio Passa Quatro sofreu um trabalho de dragagem, ou seja, uma técnica de engenharia ambiental para remoção de materiais, solo, sedimentos e rochas do fundo do rio, através de uma máquina denominada "draga".

          Pois bem, essa draga acumulava esses sedimentos retirados do rio, em verdadeiros "montes" enfileirados ao longo da beira do rio.  A vegetação se encarregava de enfeitar esses montes com plantas rupestres de vários tipos;  ficava parecendo uma pequena floresta verde entre montanhas de terra.  O cenário assim formado era ideal para a recreação da molecada (molecada, no bom sentido).

          Naquela época, um divertimento sadio era o cinema.  Todos os domingos o Cine Regnier exibia filmes de "faroeste" (Far West) para a garotada nas matinés.  A molecada vibrava;  não havia coisa melhor.  Depois, iam para os "montes da draga", brincar de Cow Boy.

          Os moleques brincavam, fazendo uma verdadeira encenação ao ar livre, do que haviam assistido no cinema.  Até falavam inglês, imaginem...  O inglês da molecada era um verdadeiro dialeto de fazer rir, uma comédia;  enrolavam a língua de qualquer maneira, imitando a fala do mocinho e dos bandidos dos filmes.

          Uma fala do Zé Creto, eu me lembro até hoje:  o coleguinha André falou alguma coisa em "inglês",  e o Zé Créto respondeu:  - Horni horni, midigorni horni !  O que significava isso, só a molecada entendia. Ka, ka, ka, ka...  Mas era divertido.  Tudo isso tinha naquele tempo, digamos, o seu "glamour".  Hoje em dia, já não teria o mesmo sabor, se acaso houvesse uma repetição desse verdadeiro "teatro de arena"

Como diz a letra de uma música: "Eu me lembro com saudade, o tempo que passou;
                                                       O tempo passa tão depressa, mas em mim deixou,
                                                       Jovens tardes de domingo, tantas alegrias..."
                                                                             (Roberto Carlos)


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