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PESCADOR AMADOR



                Pescador profissional e pescador amador.  Alguém sabe a diferença?  Pois vamos desenhar aqui, em palavras, o perfil de cada um.


          O pescador profissional, não é aquele pescador moderno, que usa equipamentos e apetrechos sofisticados.  Não.  Muito pelo contrário; o profissional é aquele "caboclo" humilde, muito pobre, que vive num lugarejo qualquer, sem muitos recursos, morando numa choupana com a mulher e filhos, e quase sempre tendo por companhia um cãozinho magro, apelidado de "passa-fome", porque não têm comida nem para eles mesmos.

          Mas a família vive como pode.  Com suas rusgas, desilusões, e por vezes instantes de contentamento.  O próprio pescador tece a sua rede, ou providencia-lhe alguns remendos.

          O quadro que estamos descrevendo, é muito típico do Nordeste do Brasil, daqueles pescadores que se aventuram no mar, em suas toscas jangadas.  Uma perigosa aventura, mas este pescador sempre retorna à choupana com as redes repletas do pescado.  Infelizmente, nunca retorna para o contentamento da mulher, que apesar dos peixes trazidos pelo marido, este ainda leva a maior bronca da companheira: - Mas é só isto?  É muito pouco peixe para vender no mercado!!!

          E segue-se aquela costumeira ladainha de xingamentos. O pobre homem já nem liga mais para os reclamos da mulher.  Já está acostumado.  Fazer o que?  Ele apenas sonha.  Sonha com o dia em que poderá deixar aquela vida de pescador, que já foi melhor um dia...

          Já o pescador amador, é diferente; ele pode ser encontrado em qualquer lugar, até mesmo diante do nosso espelho.  Todos os dias nos deparamos com elke.  O amador, é mais ou menos assim: Vai pescar, vestido a caráter: usa botas, roupa apropriada, chapéu, uma bolsa de couro com muitas divisões para anzóis de todos os tamanhos e de toda qualidade, máquina fotográfica para fotografar o (os) peixe (s), molinete importado, iscas naturais e artificiais, etc.

          Sai para pescar em seu carro próprio, e procura um lugar, de preferência onde possa estacionar na beirinha do rio.  Leva barraca de camping, lanterna, lampião a gás, e farta matula de sanduíches, queijos, carnes, enfim, equipado de tudo quanto possa imaginar que será necessário para uma verdadeira "aventura". 

          Ele passa a noite acampado, e passa boa parte do dia seguinte na beira do rio.  Consegue, depois de muito esforço e tempo, fisgar um minúsculo e glorioso peixinho.  Na beira do rio, as horas não passam; se arrastam lentamente, para desespero do pescador.  Finalmente ele desiste da pescaria. E, retornando à sua casa, cansado, vira o samburá sobre a mesa, e com alguns vigorosos tapinhas no fundo do cesto, cai sobre um prato aquele lambarizinho, já ressequido pelo sol causticante...

          A mulher, admirada, lhe diz: - Nossa, meu bem, foi você mesmo que conseguiu pegar esse peixe?  Como foi isso?  E ele, orgulhoso, conta-lhe estórias e mais estórias; do trabalho ue deu para pegar aquele peixe; dos mosquitos que enfrentou, e de como deixou escapar um peixe maior que aquele, enfim, a fotografia que ele tirou, não o deixará mentir.

          Foi ele mesmo que fisgou aquele, que se constituirá no seu verdadeiro troféu.  Foi uma pescaria e tanto.  Esse é o pescador amador. 
Como diríamos: "Habemus piscium"  (temos peixe)

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