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LER É PRECISO



          Estamos no inicio de um novo milênio.  Uma época de grandes transformações: da tecnologia, da informação.  O maior meio de comunicação atualmente, é a televisão.  E muitos se deixam hipnotizar por este onipresente engenho eletrônico, que diariamente está bombardeando os telespectadores com programas de todo tipo, na guerra pela audiência.  E de fato, crianças e adultos certamente sofrem algum tipo de influência deste e de outros meios de comunicação.


          Mas o mundo tem se mostrado muito violento na TV.  Infelizmente é a nossa realidade, mas neste caso, a sua influência talvez seja nefasta, agressiva.  Isto não significa no entanto, que tudo está perdido.  Acreditamos até, que justamente por estarmos no inicio de um novo milênio, ou no limiar de uma nova era, as transformações serão bastante positivas.  

          Se por um lado a TV promove a violência, ela serve também de veículo para promover a cultura e o entretenimento sadio.  Acreditamos que esta seja uma tendência, cada vez mais acentuada neste futuro próximo.

          Não faz muito tempo, estávamos assistindo pela TV, uma campanha publicitária comemorativa dos 500 anos do descobrimento do Brasil.  Em outra campanha, a bela e simpática Angélica, apresentava o projeto "leitura nas férias".  Ler é preciso; um hábito que já foi melhor cultivado, e que diminuiu muito, talvez porque as pessoas atualmente assistem mais televisão.  

          Ler, enriquece o nosso vocabulário, e enriquece o nosso espírito. É um exemplo que devemos transmitir aos jovens, às crianças.  Sobre a importância de ler, Monteiro Lobato, brilhante escritor brasileiro, nascido em Taubaté-SP, declarou certa vez que, "um país se faz com homens e livros";  e também o nosso conhecido Ziraldo, numa sacada inteligente, afirmou que, "ler, é mais importante que estudar"...

          Um professor francês, Daniel Pennac, autor de um livro intitulado "Como um romance", apresenta em seu livro, uma declaração dos direitos imprescritíveis do leitor:
1º: O direito de não ler;
2º: O direito de pular páginas;
3º: O direito de não terminar um livro;
4º: O direito de reler;
5º: O direito ao bovarismo (referência a Madame Bovary, personagem do romancista Flaubert, que se entregava com volúpia ao mundo das sensações.  Aqui, significa deixar-se arrebatar pela leitura).
6º: O direito de ler em qualquer lugar;
7º: O direito de ler uma frase aqui e outra ali;
8º: O direito de ler em voz alta;
9º: O direito de calar. 
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          Um pensamento (anônimo), também diz que, "uma casa sem livros, é um corpo sem alma"...

          Bem, todas essas considerações, ilustram a importância da leitura.  Ler, significa enriquecer nosso intelecto, nossa cultura, ampliar nossos horizontes.  Existe um mundo fascinante a ser descoberto através da leitura; e existe uma imensa variedade de bons livros que merecem ser lidos.  O importante é ler, ler de tudo; romances, poesias, jornais, crônicas, ensaios, contos, etc...  Através desta prática, podemos descobrir um estilo, uma filosofia, ou um autor que mais se identifica conosco.

          Um livro deve ser lido, pelo menos duas vezes.  É curioso notar que, quando lemos um bom livro, absorvemos da sua leitura, algum tipo de aprendizado: quando lemos esse mesmo livro pela segunda ou terceira vez, sempre descobriremos algo de novo; é como se fosse uma nova experiência, um novo livro. 

          Nos meus tempos escolares, eu ficava fascinado com o autor, José de Alencar, e o seu romance "Iracema"; ainda hoje, guardo na memória algumas de suas frases, por sua belíssima construção:  "Verdes mares bravios da minha terra natal, onde canta a jandaia nas frontes da carnaúba; verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros; serenai, verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa para que o barco aventureiro manso resvale à flor das águas";

          Em outro trecho do romance: "Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira; o favo da jati não era doce como seu sorriso, nem a baunilha recendia no bosque o seu hálito perfumado"...
(Jati: pequena abelha que fabrica delicioso mel).  Esta obra-prima de José de Alencar, foi escrita totalmente nesta forma de prosa lírica, em que o leitor se delicia com sua musicalidade, com a riqueza de suas comparações metafóricas, entre outras figuras de linguagem.

          Enfim, como esta, outras obras, outros estilos são igualmente ricos, revelando que a nossa língua portuguesa é sem dúvida, uma das mais belas e sonoras ao ouvido, ao intelecto e ao espírito. A propósito, vale a pena refletir sobre o que disse José Bonifácio, sobre a língua portuguesa: 
"É a língua portuguesa bela, rica e sonora, menos dura que a alemã e a inglesa, mais enérgica e variada ao ouvido que a italiana, mais suave e natural que a castelhana, e superior em tudo, à francesa".

          Nestes tempos modernos, em que impera a tecnologia eletrônica, o computador pode ser uma excelente ferramenta na produção de livros, e de armazenamento de informações, mas não pode ainda, substituir o prazer de uma boa leitura, e a televisão, pode ser muito útil para promover a divulgação de bons hábitos e bons livros. 

          Um livro pode ser atualmente, a opção de um bom presente.  E barato, apesar de possuir um valor imensurável, calculado apenas por aqueles que sabem apreciar o valor de uma boa leitura.
"Bendito quem semeia livros, à mão cheia"  (Castro Alves).

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