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O Latim

          O Latim do Ginásio.  Antigamente, depois do curso primário, ingressava-se no chamado curso ginasial.  E no Ginásio, estudava-se o Latim como matéria obrigatória. Naquele tempo, ou seja, no meu tempo de estudante do primário até o ginasial, até as missas das igrejas, no mundo inteiro, eram rezadas em Latim (pelos padres, claro).  Era bonito, mas o povão não entendia nada.


          Isso durou até 1965 ou 1966.  (Em 1966, foi quando terminei meu curso ginasial).  Daí em diante, o Latim foi abolido das Igrejas e das escolas, em consequência de uma reforma ocorrida tanto na Igreja como no ensino em geral.  As missas passaram a ser rezadas na língua de cada país.  Muitas outras reformas ocorreram, as quais já não me lembro mais.

          Mas agora, vamos falar sobre o Latim:
Que língua é essa?
O que tem a ver com nosso idioma?
Ainda hoje se usa?

          Vamos por partes, é interessante.
1)  O Latim, é uma língua antiga, e era falada nos tempos do antigo Império Romano. Hoje, é
      uma língua morta.
2)  Mas o Latim tem sua importância por se tratar digamos, de uma "língua-mãe", ou seja, essa língua
      deu origem a outras linguas, como o português, espanhol, francês, italiano, e até no alemão, 
      existem algumas palavras que se originam do latim, como por exemplo, "das ministerium"
      (o ministério), "das Prakticum" (o estágio), "das Datum" (a data).
3)  Aquele que estuda português a fundo, com certeza deve estudar um pouco de Latim, porque
      é muito útil.  Em português, temos palavras que são "Latim puro", como por exemplo, nas 
      expressões: "sui generis" (próprio do gênero), "a priori"  (a princípio), "Corpus Christi" (corpo
      de Cristo), "in loco" (no local), "Curriculum Vitae" (descrição de habilidades profissionais ou
      culturais), enfim, existem muitas outras palavras em Latim, que são usadas com bastante 
      frequência.

          Quando eu estudava no Ginásio São Miguel, lá em Passa Quatro-MG, meus professores de Latim eram o padre Michel e o padre Joaquim.  Nós, os alunos, fazíamos muitas Análises Sintáticas das fábulas de Esopo, um escritor grego.

          Era divertido, porque essas fábulas não passavam de estórias infantis, mas que no final traziam uma mensagem de sabedoria profunda.  Me lembro de algumas fábulas como "A Assembléia dos ratos",  "o cachorro e o lobo", "o cachorro e o seu reflexo na água", e haviam outras ue não me lembro mais.

          Essas fábulas, de origem grega, eram pequenas estórias escritas em Latim, e tínhamos primeiro, que passar a estória para a ordem direta, ou seja, analisar gramaticalmente o que vinha primeiro; se objeto direto, indireto, verbo e outras figuras gramaticais, e finalmente traduzir a estória para o português.  Isso, apesar de trabalhoso, ajudava enormemente para entender melhor a nossa própria língua portuguesa, que deriva do Latim.

          Hoje em dia, quem estuda "Direito", conhece muitas expressões em Latim, que os advogados gostam de usar na redação de seus processos, e que os magistrados entendem perfeitamente.  Vejamos algumas dessas frases latinas e o seu significado:

"Difficile est langum Subito deponere amorem"
(Difícil é esquecer um grande amor)
"Actore non probante réus absolvitur"
(Se o autor não prova, o réu é absolvido)
"Modus operandi"
(modo de trabalhar)
"Modus vivendi"
(modo de viver)
"Causa mortis"
(causa da morte)
"Ad infinitum"
(até o infinito)
"Data vênia"
(dada a licença)
"Habeas corpus"
(apresente o corpo, ou seja, um termo jurídico para dar liberdade ao preso)

Para terminar, vou contar uma estória caipira, que tem a ver com este assunto:
... ... Há muito tempo, houve uma revolução entre São Paulo e Minas Gerais (isto é um fato verídico). E, devido a essa revolução, durante algum tempo, houve uma certa rivalidade entre Minas e São Paulo (mas nada a sério).  E assim, certa vez um caipira mineiro foi a São Paulo, e viu uma placa onde estava escrito em Latim:
                    " PRO BRASILIA, FIANT EXIMIA"
O caipira mineiro ficou lendo aquela placa, pensou, pensou, e por fim disparou sua conclusão:
"Ahh! Mais isso é disaforo de polista!  Tá dizendo que pro brasileiro não vende mais fiado!!!"
          Na verdade, o que a placa dizia era o seguinte: "Pelo Brasil se fizeram grandes coisas".

A ASSEMBLÉIA DOS RATOS

     Para ilustrar este assunto, vou contar com minhas palavras, e em português, uma fábula de Esopo, que ainda tenho na memória: A Assembleia dos Ratos.

          ... No porão de uma certa casa, havia uma quantidade muito grande de ratos.  Uma verdadeira população dessa praga.
          Mas, nessa casa, havia também um gato, que era o terror dos ratos.  Resolveram então os ratos, organizar uma "Assembléia", ou seja, uma reunião para que todos pudessem apresentar idéias de como se livrar do gato.
          Muitas idéias foram sugeridas, mas apenas uma, foi aprovada por unanimidade.  A idéia era a seguinte: colocar um sininho no pescoço do gato, para que, quando este se aproximasse, os ratos escutassem o tilintar do sino, e assim rapidamente se esconderiam.
          Os ratos bateram palmas para essa idéia brilhante, todos aclamaram, menos um: um rato já velho, mas muito sabido.  E, indagado porque não havia se entusiasmado com a idéia, ele respondeu: - Realmente, a idéia parece boa, mas quem de vocês se habilita a colocar o sino no pescoço do gato? Um silêncio se fez então, na Assembléia, e ninguém se apresentou com coragem bastante para essa façanha.
          MORAL DA ESTÓRIA: Falar é fácil, difícil é fazer!



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