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JOSÉ E MARIA

          Pode ser puro saudosismo de minha parte, relembrar certas coisas de antigamente.  Mas eu guardo boas lembranças dos velhos tempos, desde velhos amigos, a outros detalhes bastante interessantes. Lembro por exemplo, da minha primeira escola.  Foi o Grupo Escolar Presidente Roosevelt, onde as professoras eram verdadeiras sacerdotisas da educação.


          Lembro também do meu primeiro dia de aula: havia muitas crianças matriculadas, e sendo assim, o 1º ano foi dividido em 2 turmas, em salas diferentes.  A escola era muito rigorosa em termos de regulamentos. Todos os dias, os alunos tinham que entrar em forma.  Parecia um colégio militar; ordinário, marche!  Tínhamos que formar filas de dois em dois alunos, à distância de um braço, ou seja, cada aluno colocava sua mão direita no ombro do colega à sua frente, apenas para medir uma distância uniforme. Depois, cantávamos hinos pátrios.

          Mas o detalhe curioso, era com relação aos nomes das crianças.  Como havia Marias e Josés. Havia dezenas.  Para mim era enfadonho, à hora da chamada.  Todos os dias a Professora declinava o nome de cada alunos, pela ordem alfabética.  Quando chegava nas letras "M" e "J", parecia que não acabava mais; Maria José; presente...  Maria do Socorro: presente...  Maria Inês: presente...  Maria Aparecida: presente...  e assim por diante...

          Para o nome José, era a mesma coisa; José Benedito: presente... José Eustáquio: presente...  José Dirceu: presente...  José Carlos: presente...  José Maria: presente... José, José e José; havia tantos que nem me recordo de todos.  Claro que também havia alguns nomes raros, como por exemplo: Herminária, Deusdedit, Floriovaldo, Gervásio, etc, mas eram poucos.

          Tenho a impressão de que naquele tempo, dava-se preferência para os nomes de Maria e José, quiçá por uma influência religiosa, afinal, todos queriam ter o nome dos pais de Jesus.  Hoje, a preferência é para nomes diferentes, como por exemplo, Miguel Arcanjo, Dimitri, Sebastian, Patrick, Igor, Hérica, Amanda, etc.  Basta observar os nomes dos personagens das novelas da televisão. 

          Recentemente, "sem querer querendo", eu ouvia o papo de uma escurinha no interior de um salão de cabeleireiros;  a escurinha era manicure, e conversava com a freguesa dizendo: "eu dei o nome na minha filha de Milady.  O escrivão do Cartório não queria aceitar, dizendo que isso não era nome.  Eu disse a ele: é nome sim, eu ouvi na televisão e gostei tanto... Eu quero registrar minha filha com esse nome: é Milady".  Bem, não sei como o tal escrivão teria registrado a criança.  Talvez ele tenha aportuguesado esse nome para Mileide, atendendo ao desejo da mãe.

          Antigamente, principalmente nos tempos bíblicos, cada nome tinha um significado.  Como por exemplo: Jesus, que significa aquele que era o enviado de Deus;  Abraão, que significava pai da humanidade.  Não sei porque, mas cada nome parece ter certa influência na vida de cada um.  Os antigos acreditavam muito nisso.  A propósito, a minha avó dizia: "todo João é bobo e todo Pedro é louco...".  Naturalmente, que isto não deve ser levado muito a sério, mas a vovó tinha razão.  Em cada um destes nomes, há um "quê" de bobeira e de loucura.

          Certa vez, minha sobrinha queria batizar o seu filhinho recém nascido, de João Pedro.  Eu lembrei da minha avó, e disse a ela: - "Oh coitado! Não faça essa maldade com a criança"... Ela quis saber o porquê.  Eu pensei, pensei, e disse: bom, deixa prá lá...

          Sugiro, (não é nome japonês), que cada um procure saber um pouco do seu próprio nome através do seu horóscopo pessoal, e da numerologia do nome.  Caso conveniente, tratem de mudar a sua forma de expressão.  Aliás, é o que fazem os nossos artistas de televisão, não é mesmo?
"Meu eu morre a cada instante, e na transmutação se revela o eterno..." (Chuan-Tsé).

(Obs.- agora, uma foto da minha primeira comunhão no patio do Grupo Escolar Presidente Roosevelt, crianças do primeiro ano primário)

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