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INCOERÊNCIAS

          Certa vez, um brasileiro perguntou a um português: - por que vocês, portugueses, quando falam, costumam dizer: "ora, pois, pois?"  O que significa essa expressão?
O português respondeu: - Ora, pois, pois, são maneiras de falar.  Eu também gostaria de saber por que vocês brasileiros, quando dizem: "vou te contar", na realidade não contam nada, mas quando dizem "nem te conto", aí sim, vocês contam tudo...

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          No exemplo acima, essas contradições na verdade, são expressões idiomáticas de uso já consagrado, porém nós, brasileiros, somos incoerentes em várias situações.  Por exemplo: nos casamentos, o padre pergunta aos noivos: prometem fidelidade um ao outro até que a morte (ou o divórcio) os separem?  Ambos respondem: SIM.  Aqui, o "parêntesis", está subentendido, claro, mas é o que mais acontece hoje em dia.

          Outro exemplo: por que, ao levantarmos da cama logo de manhã, vamos escovar os dentes mesmo antes do café, se a regra de higiene manda escovar os dentes logo após as refeições?  Quando isso acontece, não deixa de ser uma insensatez.

          As maiores incoerências, no entanto, são linguísticas.  Vícios de linguagem, erros de vários tipos. Na televisão, principalmente em novelas, é comum ouvirmos a expressão: "encarar de frente".
Ora, se já temos a nossa cara na frente, existe outra maneira de encarar que não seja de frente?  Teria como encarar de lado, de trás? Isso não somente é uma incoerência, uma redundância, mas também um vício de linguagem, que via de regra, deveria ser evitado.  Basta-nos apenas, "encarar".

          Em outra ocasião, perguntei a uma garota que morava próximo a um riacho, se ali havia peixes; pois o riacho era muito raso e cheio de pedras. (Tratava-se do rio que desce do Parque Nacional de Itatiaia, desde a cachoeira Véu de Noiva). A garota então me respondeu: - Sim, aqui tem peixes.  Está vendo aquele poço ali adiante?  É só jogar alguma comida na água, que logo vem aquele "enxame"... - Enxame de peixes! Quá-quá-quá...  Neste caso, mais que uma incoerência, acho que foi burrice mesmo, ou então, uma tremenda "batatada" por parte da garota.

          Mas não é raro a gente ouvir certas incoerências.  Quem ainda não ouviu dizer, por exemplo, "pé de jabuticabeira?"; "Entrar dentro da jaula?";  "Tinha chêgo?";  "Tinha trago?"... ...

          Quando tais gafes são cometidas por pessoas de pouca cultura, até que se compreende, mas o pior, é que muitas vezes, expressões incoerentes a gente ouve em programas de televisão, em discursos de alguns políticos contemporâneos, ou até mesmo em diálogos ocasionais de pessoas cultas.  Basta estarmos atentos, que sempre perceberemos algumas gafes linguísticas.

          Convenhamos, é preciso muita atenção para não comete-las, porque nossa língua portuguesa é muito rica, muito bonita, mas muito difícil também.  Para expressar-se corretamente, é preciso gostar do idioma.  É preciso aprimorar-se dia após dia.  Aliás, é o que também estou fazendo, no momento em que escrevo estas crônicas para o meu BLOG.
aula de português

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